Bate-Papo Com a Equipe da Black Magenta

Uma entrevista interna sobre negócios, marketing e design

Por: Alexandre Mutti
 

Ouvir sua equipe é criar uma atmosfera que incentiva novas ideias. Decidimos fazer exatamente isso. Entre design, teamwork, branding e muitos outros tópicos, a seguir é o que rolou na nossa entrevista.

 

Steve Jobs reuniu uma equipe fantástica. Jobs dizia que sua equipe era seu produto favorito. Na sua opinião, o que constrói uma boa equipe?

Pedro Silva: Acredito que uma boa equipe é construída a partir de um coletivo multidisciplinar – diria até transdisciplinar em projetos maiores – ou seja, pessoas com habilidades e capacidades diferentes que juntas podem agregar mais conhecimento, permitindo uma troca constante de experiências e mantendo essa fluidez em um ciclo infinito de evolução. Acho válido fazer uma analogia ao time de futebol americano, onde um grupo de 11 jogadores, cada um focado em suas habilidades individuais, precisam estar em sintonia para juntos conquistar a vitória em campo.

 

Há uma receita certa para conseguir ou reter clientes?

Renan Barbosa: A verdade é que não existe uma receita milagrosa para reter e manter seu cliente satisfeito. Mas, gosto de algumas boas práticas que são simples e têm um poder muito grande. Número 1 é Expectativa x Entrega. Um bom alinhamento das necessidades do seu cliente atrelado a uma boa capacidade de entrega é um ótimo meio para a satisfação – porque promete algo e entrega, simples assim. Número 2 é o diálogo honesto. É dito que o cliente sempre tem razão, mas ele está te contratando para mostrar novos caminhos e soluções para os problemas, o que pode ser totalmente diferente do que ele tinha em mente. Devemos, então, buscar o diálogo e o consenso entre as partes.

 

Há diversas estratégias de marketing para promover uma marca. Storytelling, marketing de conteúdo e endomarketing são alguns exemplos. Na sua opinião, qual dessas estratégias traz mais resultados? Por quê?

Camila Zanetti: Acredito que todas são relevantes e atingem um objetivo específico da marca. O storytelling é o coração, ele faz as pessoas se apaixonarem e se identificarem com a marca. Se o objetivo é ter uma marca adorada, vale investir nessa estratégia para criar algo que seus consumidores/clientes se identifiquem. O endomarketing, de certa forma, é o storytelling interno. É através dele que o time cria vínculos, se envolve e passa a acreditar no que a marca representa, trazendo, como benefício, mais engajamento. Particularmente, é a estratégia que mais gosto – que traz mais benefícios para as marcas. Já o marketing de conteúdo é uma estratégia de isca, capaz de atrair novos e pertinentes clientes/consumidores. Quem não quer isso?

 

O que cria bom design? Conte um pouco sobre seu processo de criação.

Eduardo Maziero: Primeiro, acho que não tem como fugir dos 4 princípios básicos: alinhamento, contraste, proximidade e repetição. Design bom é aquele que funciona, que facilita as coisas ao olhar daquele que vê. Muitas pessoas acham que um bom trabalho é algo bonito e, de fato, essa parte é importante – mas, sem harmonia na organização dos elementos, não há estética que o salve. Gosto de pensar no processo de criação como um engenheiro que atua na construção de uma casa: você reúne o material, define a estrutura criando grids, ajustando margens, pensando onde cada elemento ficará melhor encaixado e, por fim, faz acontecer. Buscar referências ajuda muito. E, claro, depois de tudo isso, é muito importante revisar detalhadamente e olhar como o público veria.

 

Citando seu cargo, fale um pouco sobre o que você faz na Black Magenta.

Rafaela Barbosa: Através da produção de conteúdo para as redes sociais, Facebook e Instagram, e do monitoramento das páginas, faço a conexão entre a marca e o cliente. Uma das responsabilidades de uma Analista de Redes Sociais é produzir posts com os quais o público se identifique, para motivá-los a interagir com o conteúdo e compartilhar com os amigos. Também é necessário estabelecer uma relação com o usuário, conversar e tirar dúvidas, fortalecendo o relacionamento entre marca e cliente.

 

Nos Estados Unidos, fake news está um tópico problemático e importante. Você confia na capacidade e ética do jornalismo e da publicidade brasileira? Por quê?

Cristian Barbosa: Fake news estende a discussão para além da mídia formal. O “pós-verdade”, termo eleito pelo Dicionário Oxford como a palavra do ano, vem da ansiedade cada vez maior que o ser humano tem de estar certo, de vencer a discussão, de fazer valer o seu ponto de vista e aquilo em que acredita, mesmo se estiver errado. Isso alimenta o fake news. O jornalismo tem uma missão árdua: recuperar a credibilidade perdida ao longo dos últimos anos, especialmente em função dos erros – sejam eles conscientes ou não – e por se afastar do público. A eleição de Donald Trump é um exemplo bem claro disso, muito bem lembrado pelo filósofo Luiz Felipe Pondé. A população não quis ouvir a mídia oficial, ignorando vários canais como o The New York Times, e deu ouvidos a Trump, que apelou para o criticismo e buscou as redes sociais para construir suas verdades e levar o posto mais cobiçado do mundo. Entendo que confiar na capacidade e ética do jornalismo e da publicidade brasileira é necessário, especialmente quando esses são conduzidos por profissionais compromissados com a verdade. Mas não se pode também condenar os que perderam a fé. Afinal, assim como Pondé o fez recentente, citando Dostoiévski, “a verdadeira verdade é sempre inverossímil; para lhe dar verossimilhança é preciso misturar-lhe um pouco de mentira”.

 

Há alguma empresa, em particular, que você admira? Por quê?

Marcela Costa: Este ano, me deparei com projetos incríveis da Ogilvy Brasil, que mostram como boas ideias podem agregar valor a uma marca e, ao mesmo tempo, agregar valor à sociedade. A campanha “Meninas Fortes”, realizada junto à Nescau, aborda temas atuais e necessários, como o empoderamento feminino e a igualdade através do esporte. E o que dizer então da campanha “A Voz da Arte”, realizada em parceria com a IBM e a Pinacoteca? A ação permitiu que visitantes do museu conversassem, literalmente, com as obras de arte, fazendo qualquer pergunta que quisessem, tornando a arte mais acessível a todos. Tudo isso através da inteligência artificial IBM Watson. É muito bom ver empresas interessadas em abraçar causas maiores, principalmente aqui no Brasil. Os projetos ganharam prêmios, ampla repercussão, mas, acima de tudo, realmente impactaram a vida das pessoas. Vendo-os, me recordei de um conselho dado por um grande professor que tive, Márcio Fritzen (que é, inclusive, um dos envolvidos nos projetos): “busquem verdades”. Quando uma ideia contém verdade e propósito, certamente vale a pena.

 
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