Há apenas 40 anos, as mulheres brasileiras eram proibidas de jogar futebol. Dá para imaginar isso? Essa consciência histórica é importante para entender o preconceito que atinge até hoje o futebol feminino.
Neste ano, a oitava edição da Copa do Mundo Feminina está sendo transmitida pela primeira vez ao vivo e na tv aberta no Brasil. Mas não é apenas este marco que a competição trouxe aos holofotes.
Diversas atletas ao redor do mundo aproveitam a visibilidade que a Copa da França trouxe à modalidade para reforçar a necessidade de melhores condições de trabalho e incentivo às seleções femininas.
No Brasil, a jogadora Marta — única entre mulheres e homens a ser eleita seis vezes como a melhor do mundo — protesta contra a disparidade de oportunidades entre o futebol feminino e masculino.
O marketing para a campanha #GoEqual, que visa a igualdade no esporte, acontece em campo e rede nacional.
No jogo contra a Austrália, Marta usou uma chuteira sem marca, apenas com o símbolo da campanha. Já no jogo contra a Itália, pela primeira vez, a jogadora entrou em campo usando batom. Ao que tudo indica, trata-se de uma ação para a Avon, da qual é garota-propaganda, mas não deixa de ser uma cena icônica sua cobrança de pênalti histórica com um toque tão feminino.
Marta marcou seu 17º gol, tornando-se a atleta com mais gols em Copas do Mundo, inclusive entre grandes nomes do futebol masculino, como Klose (16), Ronaldo (15), Pelé (12), Cristiano Ronaldo (7), Messi (6) e Neymar (6).
Entretanto, a maior artilheira das Copas ganha apenas 0,3% do rendimento anual de Neymar (O Globo).
Direitos e remuneração
Foi preciso recorrer a medidas legais para garantir que os clubes do futebol brasileiro mantenham equipes femininas. Mesmo tendo contribuído para a disseminação da modalidade no Brasil, as leis ainda não garantem a profissionalização. Com isso, a maioria das jogadoras não possuem carteira assinada e recebem apenas uma ajuda de custo.
Enquanto a remuneração dos atletas masculinos que participaram da Copa do Mundo ultrapassa milhares de reais, das 23 jogadoras convocadas à edição feminina deste ano, 17 recebem o “bolsa atleta”.
Um reflexo do cenário mundial, onde 49,5% das jogadoras não recebe salário e 47% delas nem possui vínculo formal com seus clubes — segundo dados da FIFPro. A própria FIFA (Federação Internacional da Associação de Futebol) dedica somente 1% dos seus investimentos ao futebol feminino.
Iniciativas das marcas
As oportunidades na publicidade vão de encontro à necessidade de maior visibilidade e investimento nas atletas femininas. Diante dessa realidade, o Guaraná Antarctica, patrocinador das seleções brasileiras há 18 anos, admitiu utilizar pouco a imagem das jogadoras em suas propagandas e incentivou outras marcas a abrir as portas para a seleção feminina.
Como o apoio das pessoas é essencial para a propagação da modalidade, em parceria com as jogadoras Andressa Alves e Cristiane, o Itaú fez um convite a todos os brasileiros para assistir e torcer.
Após vários anos vestindo camisa grande e calção largo, com design reaproveitado da seleção masculina, as brasileiras finalmente ganharam um uniforme exclusivo. O uniforme é ajustado à silhueta feminina e vem até com homenagem na gola: “Mulheres Guerreiras do Brasil”, criação da Nike, patrocinadora da seleção.
Com mais investimentos, transmissões de jogos e espaço nas mídias, certamente será questão de tempo para ampliar o interesse do público e dos anunciantes, promovendo melhores condições para o futebol feminino se desenvolver e ganhar o mundo!
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